domingo, 31 de outubro de 2010

Message au voleur

Monsieur voleur,
S’il vous plait, remis nos passeports , documents, photos et vidéos à l’Hôtel Fertel Etoile ou consulat brésilien.
Je vous remercie de votre collaboration

Paris e Poços de Caldas - dia 27

PARTE 1

Embarcamos às 11h10m e às 11h30m o vôo decolou rumo à Guarulhos. Aquela sensação de ter sido roubado no hotel, no local que era para termos a maior segurança fora do país, de termos perdido além dos equipamentos eletrônicos os documentos, cartões e todos, TODOS os arquivos fotográficos e vídeos de nossa viagem era muito ruim. Triste, humilhante, desmoralizante e tanto mais que ficamos sentindo nessa hora.
Foram 11 longas horas de viagem até o Brasil onde devido ao nosso tamanho não tem como ser relaxante dentro de um avião com aquele pequeno espaço entre as poltronas. No momento do check in estávamos ainda tão abalados pelo ocorrido que não lembramos de perguntar por poltronas nas saídas de emergência (com mais espaço entre as poltronas) e nem por upgrade de categoria com milhas. Nada! Não havia como pensar em nada disso.
Desembarcamos no Aeroporto Internacional Franco Montoro, em Guarulhos, São Paulo no dia 29 de outubro ãs 7h15m e seguindo os procedimentos de desembarque em solo brasileiro fomos para o controle de passaportes. Apresentamos os documentos e pessoa que ali trabalha disse que eles deveriam ficar retidos ali naquele ponto. Expliquei que talvez necessitasse deste documento pois precisaria ir até a Polícia Federal brasileira para registrar o roubo de nossos passaportes e aquele ali era o único documento que eu tinha em mãos que provava que eu realmente era eu.
Após pegarmos nossas malas a primeira coisa a se fazer era ir até a Polícia Federal para registrar o roubo dos passaportes. Subimos de elevador para o primeiro andar do aeroporto de Guarulhos e nos dirigimos à delegacia da Polícia Federal que fica no segundo piso da mesma forma. Quando ali chegamos o policial não sabia dar muitas explicações e após convencê-lo que o caso era de passaportes roubados ele falou que deveríamos ir ao setor de passaportes que fica ao lado da delegacia da PF.
Neste posto pudemos registrar o roubo de nossos passaportes. A Fer apresentou a identidade e eu só tinha uma cópia dos passaportes, em xerox, que é o que usávamos conosco lá fora. A agente não aceitou. Disse que aquilo ali não provava que eu era eu e que ali, por não ter outro documento meu em mãos eu teria duas opções: ou registraria o roubo depois, com um documento meu em mãos ou teria que pegar aquela permissão para entrada no país emitida pelo Consulado Brasileiro em Paris. Mas esse documento havia ficado retido no setor de desembarque! Como que eu poderia voltar lá?
Fui até a Delegacia da PF novamente, e falei para o policial federal:
- Meu camarada, você é o policial federal, só você pode me ajudar nesse momento. A agente do posto de passaportes que você disse que eu deveria ir, mandou eu voltar aqui para que você mandasse alguém trazer o documento tal até aqui.
E ele respondeu, estufando o peito:
- Eu vou lá com você porque eles não trarão o documento aqui.
E foi, caminhamos até aquela parte do embarque internacional deste aeroporto e ele pediu para que eu esperasse e voltou com o xerox do documento nas mãos. Agradeci e voltei para o posto de passaportes para fazer o registro do roubo de meu passaporte.
Cheguei lá e mostrei esta cópia para a agente e ela disse que ok. Não falei nada, mas pensei: 'Ué? Não tinha que ser documento original? Agora esta cópia serve?'. Pois bem, ainda bem que ouela recuperou o bom senso à tempo ou então não lembrava que havia dito qe não poderia ser cópia de documento. O importante ali era que os registros estavam feitos e poderíamos agora rumar para casa.
Ligamos para o Fly Park, local onde costumamos deixar o carro quando viajamos deste aeroporto e rapidamente fomos buscados pela van que faz este trabalho. Chegamos no Fly Park e à esquerda já vi o Doblò estacionado na área coberta que havíamos deixado. Enquanto a Fer pagava fui pegar o carro para colocá-lo perto do escritório e carregar as malas. Bati a chave e nada! Tentei de novo e nada!
Eu já havia travado o carro somente na chave por ficar com medo do alarme disparar e acabar a bateria, mas somente isso não foi suficiente. Um mês parado e a bateria arriou! Voltei no escritório do estacionamento e pedi ajuda para o funcionário para fazer aquele procedimento de tentativa de partida com cabos e acumulador de energia auxiliares, chamado 'chupeta'. Eles já tem um aparelho profissional para este procedimento e ele disse que isso acontece direto.  Fomos até o carro que após algumas tentativas o carro pegou.
Embarcamos as malas e nossas coisas e saíos rumo à Poços. Paramos no caminho para comer algo e quando eram umas 13h30m chegamos em nossa casa.

PARTE 2

Após darmos uma pequena arumada nas coisa precisávamos conferir os cancelamentos dos cartões, celular e verificar se havia alguma notícia do hotel e aí que vimos o email que abaixo coloco na íntegra, o qual recebi do hotel:

Dear Sir, Dear Madam,
We are writting to you in order to let you know about the investigations we made since you left the hotel.
As you know, we have a security system in the hotel and there is a camera in each floor. This morning, we watched the video for each floor and and we can tell you clearly what happened yesterday, Thursday 28 October 2010:
11h16: You both come down at the reception to check out
11h19: You put your luggage, including the orange bag in the luggage room
11h21: You go out the hotel
----
12h17: a man arrives in the hotel and sits down in the reception. He looks like waiting for a guest. A woman arrives almost at the same time to check in. The receptionist welcomes her and during she is dealing with this guest, the man sat in the armchair stands up and goes to the lift and takes it.
Thanks to all the camera, we can clearly sea that he is going to each floor (from the top until the first floor) and is inspecting the corridors and the rooms' doors to see if they are locked. Most of the time, he is taking the staircase and he wears sometimes a hat and sometimes not. In the first floor, he even tries to enter in a open room where the chamber maid is. Actually, as she is in the bathroom, she does not hear him and as the clients have left the hotel, there is nothing to steal. 
After the first floor, he takes the staircase which brings him directly to the ground floor where we can imagine he finds the place where you left your luggage. Few minutes later, we saw him coming, by the staircase, in the third floor putting your bag on his back. He calls the lift.
12h50: he is going out the hotel, as a guest can do, with your bag.
Obviously, we do not know this man who seems to be a profesional theft. According to the way is going very easily in the hotel, and inspecting the premises, it is clear that he is very used to do that.
We have informed this morning the police officer you met yesterday to explain what happened and confirmed that the bag has been stolen by a theft. We have given a description to the police officer. He will wait next week to have the complain registered by the authorities and then he will contact us back. We will keep all the video and we will give the police all the details we have.
We are very sorry for what happened in our hotel. Even if we know that this kind of thefts exist, they are profesional and it is quite difficult to distinguish them from other guests.
Up to now, we did not have any problem with the place where you left your luggage. Even if we can not say that it is an official luggage room because it is not locked, we do not give any ticket, nobody is looking after this place especially and it also a safety deposit box room, this place is convenient for guests when they want to put their luggage during the day. Maybe, and because of this experience, we will reconsider the use of this place.
We will inform you about all the investigations made and we stay at your disposal for any further informations.
Best regards.
Emmanuelle FERREIRA
Hotel Manager

Com isso só posso ficar aqui pensando que hipocrisia deste hotel que pede para os hóspedes deixarem a chave na recepção quando saem de suas dependências e pegarem a mesma quando chegam e deixam o cara circular dentro do hotel, entrar e sair sem ser questionado. A recepcionista deveria no mínimo ter questionado o meliante sobre a chave do apartamento (se ela não estiver envolvida de alguma forma). Qual o envolvimentodas pessoas do hotel com este ladrão? Será que não é amigo do pessoal da recepção? Acho que isso nunca vou saber e nem teremos nossas coisas de volta. Resta agora esperar e arcar com o prejuízo financeiro e moral.

sábado, 30 de outubro de 2010

Paris - dia 26

PARTE 1

Quinta-feira, 29 de outubro, cadeados nas malas e mochilas, descemos no final da manhã, ali pelas 11:30hs e deixamos nossa bagagem no 'guarda bagagem' do hotel e fomos tomar um café na esquina da Avenue Carnot com a Rue das Acacias. Café, suco de laranja, um croissant e manteiga (para Fer porque eu nao gosto de manteiga) e ali pelo meio dia estávamos caminhando por Paris para curtir nosso último dia na Cidade Luz.
Andamos as ruas por volta do Arco do Triunfo, Champs-Élysées e almoçamos um macarrão em uma das ruazinhas que se encontram perpendicularmente com a Champs-Élysées.
Eu não estava me sentindo muito bem por causa de um resfriado que me atormentava e tampava minhas narinas e irritava minha garganta. Ou lenço, cachecol ou pashmina me acompanharam nessa últimas 4 semanas protegendo meu pescoço do vento e frio que estavam nestes diferentes lugares que tive a possibiliade de andar.
Após passarmos no mercado para comprar umas mostardas e patês para levarmos para casa subimos a Avenue Champs-Élysées rumo ao Arco do Triunfo e atravessando por baixo da rua saímos então na Avenue de la Grande Armée e duas quadras abaixo dobramos à direita na Rue das Acacias chegando no Hotel Fertel Etoile.
Na pequena recepção do Hotel Fertel Etoile, agendado e programado nesta viagem para nós pela agência de viagens, coloquei as sacolas de compras em cima do sofá enquanto a Fer abria um porta que dava ao 'guarda bagagem' ou maleiro do hotel e escutei ela dizer:
- Di, a tua mochila não está aqui!
Deu aquele frio na espinha seguido por um calor no peito e a secura na garganta.
- Mas deixamos a mochila aí! Fechada com cadedo. Veja, está aqui a chave!
E ela respondeu:
- Eu sei, mas a mochila The North Face não está aqui!
- E o que mais está faltando?
- Nada, as outras 5 malas estão aqui.
Perguntamos para a funcionária da recepção do Hotel Fertel Etoile o que havia acontecido e ela disse que ninguém havia passado ali. Paramos então para pensar no que havia dentro da mochila.
Primeiro, os passaportes! Não constumamos andar com passaportes na rua para evitar roubo ou perda de passaportes, andamos sempre com cópias e se caso seja necessário voltamos ou nos dirigimos aos hotéis e pegamos esses documentos. Minha carteira com dois cartões de crédito do Banco do Brasil, o cartão do Itaú e minha carteira de motorista, cartões da UNIMED e plano odontológico e uns 40 reais. O MacBook Apple da Fer com as mais de 3.300 fotos que tiramos durante toda a viagem, a câmera filmadora digital JVC com mais de 4 horas de filmes da viagem, a câmera fotográfica profissional CANNON que havíamos emprestado do Tio Cacá, meu celular blackberry, todos os cabos das máquinas e computadores, meu IPOD Apple, camisetas minha e da Fer que havíamos reservado na mochila para trocar à noite no aeroporto, nossos produtos de asseio pessoal para que usássemos antes do embarque (esses dois últimos consideramos de grande importância devido ao bem estar necessário em um vôo de 11 horas e mais o tempo de viagem de carro até em casa e por outros motivos que não vêm ao caso agora), o guia 'Europe in a shoestring' da Lonelly Planet, o livro do Waldemar Niclevicz que eu estava lendo, os seguros de saúde impressos que havíamos feito para esta viagem e outras coisas que agora nem me lembro sem falar é claro na mochila The North Face modelo 'patrol 35'. Tudo roubado por negligência do hotel que não possui o controle e nem a decência de perguntar à uma pessoa que entra e anda pelo pequeno hotel e sai de lá com um mochila (isso que quando o hóspede sai do hotel deve deixar a chave na recepção e pegar quando retorna - como que alguém pode entrar e circular pelo hotel sem pedir a chave do quarto?).
Imediatamente a Fer pegou o celular dela e já ligamos para o Banco do Brasil para que  minha gerente pudesse cancelar os dois cartões que ali estavam e para a TIM para bloquear o chip de meu telefone.
E a emoção que tivemos em todos os outros lugares que passamos durante esta viagem e ainda não havíamos passado em Paris estava para começar. Menos de 8 horas para o embarque e os passaportes roubados! E agora? Como poderíamos retornar para o Brasil?
O passaporte brasileiro é um dos passaportes mais desejados no mercado negro. Qualquer um pode ser brasileiro. De origem caucasiana, mulato, indiano, árabe, judeu, negro, índio, oriental e tantos mais. Nosso país devido à sua imigração conolizatória e escravagista conseguiu juntar de tudo um pouco e assim não seguir a padronização existente que predomina em tantos outros lugares.
Ligamos dali mesmo para o Consulado Brasileiro em Paris para saber o que deveríamos fazer e fomos informados que precisaríamos ir até o consulado com fotos 3x4 para que fosse feita uma autorização provisória para viagens internacionais. A estação de metrô em frente ao Consulado Brasileiro foi nos dita pela funcionária e então decidimos ir para lá. Nisso o pessoal do hotel decidiu começar a tentar ajudar e chamou um táxi para nós e pagou a corrida até o consulado.
Desembarcamos do táxi em frente ao consulado e descemos para a estação do metrô para tirarmos as fotos em uma daquelas máquinas automáticas ao custo de 5 euros cada. Mas aí inicia um novo problema. Só tínhamos notas de 20 euros e a máquina só aceitava notas de 5 euros ou exatamente 5 euros em moedas. Enquanto a Fer ficou na máquina eu comecei a correria para trocar a nota. Ninguém nos arredores trocava aquela nota pra mim. Fui no guichê de atendimento do metrô, em uma banca de revistas fora da estação e até que fui reto em um restaurante e pedi, e eles me deram 5 moedas de 2 euros e uma nota de 10 euros em troca da de 20.
Para as primeiras fotos colocamos 3 moedas de 2 euros e a máquina não devolveu o troco. Mas OK, as fotos da Fer estavam garantidas e agora precisávamos tirar as minhas. E o tempo passava voando! Juntamos todas as moedas que tínhamos e cheguamos na quantia de 4,95 euros. A máquina não faria o desconto de 5 centavos para tirar as minhas fotos. Não deu outra. Vi um casal de jovens comprando tickets de metrô e fui pedir dinheiro pra eles. Depois de uma viagem de quase um mês ter que pedir esmolas para resolver um problema, em um país estrangeiro é muito constrangedor. Mas não havia outra saída, não tínhamos tempo para tentar inventar mais nada. Era ali e daquela forma que eu poderia solucionar. Engolir o orgulho e ser humilde é preciso.
Eles me deram 10 centavos de euro, completei o dinheiro necessário e tirei minhas fotos. Em seguida, subimos correndo a escada do metrô e fomos para o Consulado Brasileiro.
A receptividade e atendimento da funcionária do Consulado Brasileiro em Paris foi digno de no mínimo um grande elogio. O nome dela era Beatriz e no momento que ligamos ela disse que estava indo embora mas que iria nos esperar para ajudar a resolver a situação. Em uns 40 minutos estávamos com as autorizações em nossas mãos. É muito bom poder contar com pessoas de bem em uma repartição pública em momentos de urgência e de crise como aqueles que estávamos vivendo. Ainda, ela nos explicou onde era a delegacia de polícia que era o nosso próximo destino para registrar a ocorrência do acontecido.
Saímos dali com grande pressa para chegarmos logo na delegacia de polícia pois não havia mais tempo. Precisávamos ainda tomar um ônibus para o aeroporto. Esse ônibus levaria mais de 1 hora com o trânsito de final do dia em Paris para chegar no destino final, que é o aeroporto Charles de Gaulle.
Na delegacia que fomos, que fica a menos de 500 metros do Consulado Brasileiro, ao entrarmos, havia uma pessoa esperando e já fomos ao balcão e falamos o porquê estávamos ali. O policial de plantão foi bastante educado e anotou nosso caso em livro e pediu que aguardássemos a nossa vez para registrar a ocorrência.
Sentamos e aguardamos por mais de 40 minutos a nossa vez pois outras pessoas estavam sendo atendidas. A agonia da espera foi muito grande e aqueles 40 minutos pareciam várias horas. Como é complicado esperar quando se está com um problema grave. Documentos roubados fora do país, equipamentos roubados e um total de mais de US$ 5.000 de prejuízo de dentro de um que hotel fomos colocados pela agência de viagens. Quando comecei a negociação com a agência para agendar esta viagem (que diga-se de passagem o roteiro foi bem proposto pela agência) lembro-me muito bem que pedi hotéis seguros, com camas e banheiros limpos. Quem acompanha os relatos aqui pode ver que não foi o que tivemos em São Petersburgo e agora em Paris com o caso deste roubo.
Neste meio tempo diversos policiais e soldados do exército saiam e entravam do posto policial. Todos eles, mas todos mesmo muito cordiais e simpáticos. Cumprimentavam-se entre si e também as pessoas que ali estavam. Fardas e ternos bem cortados e limpos. Armas limpas e com travas de segurança. Ninguém fumando ou largado pra trás nas cadeiras ou com os pés em cima das mesas como vemos em alguns lugares por aí.
Chegou a nossa vez já eram quase 6:30 da tarde. Passamos então para a sala de depoimento e começamos a contar  nosso caso para o policial que iria registrar a ocorrência. Ele ouvia atentamente e anotava o acontecido. Pegou nome e telefone do hotel, nossos nomes, o que havia dentro da mochila (que estava com um cadeado no zíper para reforçar a segurança do 'safe place' do hotel). Durante o depoimento ele parou e disse que começaria novamente a escrever pois o caso era sério demais e precisaríamos de um bom relatório para tentarmos reaver algo ou para minimizar os danos morais que estávamos sofrendo ali naquele momento.
Acabamos na delegacia pouco antes das 7 da noite e fomos para o metrô para voltar para o hotel e pegarmos nossa bagagem. Da estação de metrô Champs Élysées Clemenceau fomos na linha 1 até a estação Argentine e fomos para o hotel.

PARTE 2

Eu havia pedido para a gerência do hotel para olharem as fitas de vídeo e também verificarem nos quartos do hotel se nenhum hóspede estava com a mochila dentro de seu quarto. Pois se ninguém havia saído do hotel com aquela mochila de cor laranja ela tinha que estar ali dentro.
A primeira coisa que a gerente nos disse foi que haviam verificado nos quartos e não estava em nenhum de todos os quartos verificados. Disse também que olharam os vídeos da recepção e viram eu e a Fer carregando nossas malas e a mochila para dentro do guarda volumes (maleiro) do hotel e saindo para a rua mas não viram ninguém saindo de lá. Aí, pedimos para ver o depósito dos funcionários do hotel. A Fer foi lá com a gerente do hotel mas os armários estavam trancados e então não foi possível verificar se estava lá a dita mochila com tudo que já citei ou não. Nesse meio tempo, subi as escadas do hotel procurando de andar por andar se a mochila não estaria largada em algum canto ou então dentro de uma lata de lixo, carro de transporte de roupas de cama ou outro esconderijo qualquer. Nada! Absolutamente nada!
Discutimos bastante com as pessoas do hotel. É incompreensível que algo suma de dentro de um hotel deste jeito. Estávamos naquele momento moralmente, emocionalmente e fisicamente destruídos. Sem falar financeiramente é claro.
Todos os registros da viagem de nossas vidas, fruto de um prêmio recebido pelo meu esforço e sucesso profissional dentro de uma empresa como a Danone, tudo perdido. Mais de US$ 5.000 de prejuízo em equipamentos. Quão seguro é este hotel em que fomos colocados? Fico ainda perguntando o que poderia ter acontecido mais nesse ou em outro dos hotéis que fomos colocados neste roteiro. Essa reflexão não saía de minha cabeça. E até agora agradeço à Deus, minha mãe e o seu Ely que nos protegeram espiritualmente nesse tempo e nessa viagem.
Nos arrumávamos para ir pegar o ônibus para ir ao aeroporto e o hotel se ofereceu para pagar o táxi para nos levar até lá. Era o mínimo que deveriam fazer naquela hora. Aceitamos e desembarcamos no aeroporto Charles de Gaulle, Terminal F2 por volta das 8h30m da noite.
Já fomos direto despachar nossas bagagens e pensamos em ir no 'lost and found' do aeroporto mas fomos avisados por um policial que não estaria funcionando naquele horário. Passamos o controle de passaportes com aquele documento que recebemos na embaixada e ainda fomos tomar um lanche antes de irmos para o portão de embarque.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Paris - dia 25

Achei que conseguiria passar todos esses dias da jornada pelos 6 diferentes países e 7 diferentes cidades do mundo sem maiores alterações, mas hoje estou me sentindo meio resfriado. Já a alguns dias não estou com minha garganta 100% e agora sinto algo como se fosse uma gripe que está incubando. Espero que seja somente um resfriado porque enfrentar 12 horas de vôo ‘tudu ruim’ é dose pra cachorro! E mais, não posso ficar gripado agora para, não passar gripe para a Fer e também porque tenho que retornar ao trabalho no gás devido à coisarada que tenho pra fazer e qualquer dia de atraso nesses cronogramas de final de ano pode ser crítico.
Dormimos bastante na noite que passou. Fomos dormir tarde depois de ter ficado falando com os Carolans pelo skype. O Liam como sempre uma figurinha, a Caro bem e com o barrigão do Sean que vêm chegando e a notícia que meu camarada de cunhado Niall vai mandar uma maratona! Comparo uma maratona a uma alta montanha! O preparo qualquer desses eventos deve ser sério e duro. O cume é a faixa de chegada e cada um tem seu tempo, seu ritmo e sua ambição. Vai lá Niall, minha torcida e apoio estarão contigo.
Como dormimos bastante, acordamos tarde e perdemos o café da manhã do hotel o que não foi de todo ruim porque acabamos comendo um ‘petit dejeuner’ em um café aqui perto do hotel, na Avenue de la Grande Armée e depois pegamos o metrô na estação Charles de Gaulle Etoile até a Bir-Hakein para então enfrentar a fila para subir na Torre Eiffel, nosso grande objetivo do dia!
Chegamos lá e obviamente, a fila era medonha de grande! Nos pilares da torre providos por elevadores tinham centenas de pessoas enfileiradas para comprar os bilhetes e fazer o programa turístico mais famoso e procurado da Cidade Luz. Tivemos uma cera sorte pois menos de 10 minutos da fila e fomos avisados por fiscais de segurança da torre que deveríamos ir para a outra fila onde havia menos gente. Menos mau.
Mas ainda assim, o tempo de permanência na fila foi de cerca de uma hora, pois chegamos na base da torre às 12h35m e só chegamos no segundo andar da torre às 13h40m. Aproveitamos este meio tempo para observar e analisar as figuras e fatos que ocorrem ali naquele mar de gente que passa diariamente pela Torre Eiffel.
Os soldados franceses que patrulham os locais turísticos desta vez tinham uma boina diferente dos dias anteriores. Hoje, estavam com uma boina maior que os soldados dos outros dias e minha primeira conclusão foi que deveriam ser soldados da Legião Estrangeira Francesa mas após um bom tempo observando vimos que havia uma insígnia em seus braços esquerdos onde se lia ‘Troupes de Montagne’. Também havia na fila uma noiva mulher vestida de noiva junto com o noivo para tirar fotos no topo da torre. Famílias inteiras com crianças das mais variadas idades. Os vendedores de torres e souvenirs piratas, ligados como televisão de rodoviária depois do ‘rapa’ que levaram ontem. Os passarinhos, corvos, gaivotas e pombas que ficam por ali na espreita só aguardando um farelo, um batata frita ou qualquer outro tipo de coisa comestível que um turista jogue ou deixe cair no chão.
Mas o topo da torre fica no terceiro andar, não no segundo. Quando chegamos na bilheteria havia um aviso que o topo estava fechado e teríamos que comprar os tickets para o topo no segundo andar e esperar mais de meia hora ali para seguirmos para o topo. Dica 1 do dia: se tu vens à Paris e queres subir ao topo da Torre Eiffel, compre o ticket com antecipação e assim evite filas e esperas demasiadas. O ticket até o topo custa 13,1 euros se comprado direto até lá e os mesmos 13,1 se comprado em duas vezes (8,1 euros até o segundo piso e 5 euros do segundo piso até o topo).
Chegamos no topo às 14:20 minutos. Uma hora e quarenta e cinco minutos depois de termos chegado na fila que nos levaria até as bilheterias e em minha opinião valeu cada minuto esperado. Paris do alto dos mais de 300 metros da Torre Eiffel é muito linda e a visão da cidade em 360˚ é incrível. Lá, existe um pequeno barzinho onde é vendido um copo de champagne ao menor custo de 10 euros. Não tomamos, não estávamos com sede! O frio tanto lá em cima quanto na base da torre estava castigante. Teve uma hora que cheguei até comparar com a Lages velha de guerra. Ainda existe lá em cima a distância da torre à várias cidades do mundo com todas elas apontadas na direção geográfica que as mesmas ocupam em direção à torre. Do Brasil estão lá Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Não entendi o porquê a Lages não estava lea apontada também, visto que é a Capital da AMURES.
Pegamos o elevador para descer até o segundo andar e então descemos de escada para o primeiro piso (onde fica o restaurante) e então pegamos novamente o elevador para a base da torre. Eu nunca tinha visto e nem andado em um elevador de dois andares.
Champs de Mars visto do segundo piso da Torre Eiffel
L'Arc de Triomphe visto do topo da Torre Eiffel
Rio Sena visto do topo da Torre Eiffel
Nós no topo da Torre Eiffel (324 m metros de altura)
Às 15h30m estávamos almoçando um cachorro quente no baguete, batatas fritas e refrigerante sentados no gramado dos Campos de Marte, parque que fica localizado entre a Torre Eiffel e a Escola Militar da França.
Dali, decidimos ir ao nosso segundo objetivo do dia: um grande supermercado. Já havíamos feito uma pesquisa na web e localizamos um Carrefour de um tamanho grande, localizado perto do hipódromo de Paris.
Andamos até a estação Bir-Hakein e dali pegamos a linha 6 até a estação La Motte Picquet Grenelle e então linha 10 até a estação Ponte d’Auteuil e quando saímos da estação vi que estávamos perto do estádio Parc des Princes e de Rolland Garros. Lembrei do Guga! Ali ele levou a bandeira do meu país ao lugar mais alto por três vezes.
Dica 2 do dia: quem vier à Paris e tiver tempo e interesse vá nesse Carrefour. É de fácil acesso, bons preços e grande variedade de produtos.
Voltamos de lá de metrô e desembarcamos na estação Charles de Gaule Etoile e fomos até nosso hotel caminhando. Somente deixamos as nossas coisas e fomos jantar em nossa última noite em Paris, antes do retorno ao Brasil que se dará nesta quinta ás 11h30m na noite.
Ao voltarmos, arrumamos as malas e deixamos tudo pronto para amanhã após o check out do hotel elas ficarem no maleiro e nós podermos tranquilamente andar em Paris no último dia de nossa viagem de 2010.
Almoçando no gramado do Champs de Mars

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Paris - dia 24

Esta terça-feira teria sido um daqueles dias que se está em Paris e se anda à toa pelas ruas em meio ao tempo aberto e frio que se agrava pelo vento se não fosse por dois fatos que se opuseram na relação tempo e local.
O primeiro, durante o café da manhã, onde na mesa atrás da nossa haviam duas pessoas, turistas de um local muito mais distante que o Brasil. O Pitoco, Chandon e Merlot, que são muito roots comendo, empatavam com eles mas seria uma baita sacanagem minha comparar os modos deles à mesa à finada Sombra! Tadinha da Sombra que era toda delicada e com jeito para comer e sabia se comportar. Como eu ficava de costas pra eles a Fer pedia pra eu ir mais para o lado para que ela não enxergasse esses rapazes fazendo sua primeira refeição do dia. Entre o barulho emitido e a maneira que empurravam a comida pra dentro do ‘bebedor de lavagem’ era preciso ter tranquilidade para conseguir comer na mesma sala que eles. Haviam 2 casais de língua eslava, que não consegui identificar especificamente qual, sentados em outra mesa próxima e eles estavam abismados! Até mais que nós.
Nosso destino após o café da manhã era o Museu de Moda, Propaganda e Artes Decorativas que fica na Rue Rivoli. Pegamos o metrô na estação ao lado do hotel, estação Argentine, linha 1 e pretendíamos descer na estação Louvre Rivoli mas eu viajei na maionese e desembarcamos na estação Tuileries, duas antes da que queríamos. Embarcamos no próximo trem e então saltamos na estação correta.
No metrô parisiense existem diferentes tipos de trens em funcionamento. Alguns mais antigos, outros mais novos. Alguns possuem um tipo de tramela para abrir as portas, outros um botão e outros abrem automaticamente. Alguns trens possuem rodas de ferro e outros rodas de borracha maciça. Uns permitem a circulação entre os vagões (como os de Barcelona) e outros não. Achei isso muito interessante. A experiência que tivemos na nossa primeira viagem no metrô em Paris foi nas linhas que levam letras ao invés de números e são providas com os trens de dois andares. Nas outras linhas, com números, acredito existirem mais trens porque são muito menores os tempos de espera entre um carro e outro.
Saímos da estação e iniciamos a nossa procura pelo museu desejado. Andamos algumas quadras em direção à Champs-Élysées e não o encontramos e foi então que vimos uma pequena placa que indicava o nosso destino. O localizamos em frente à uma bonita estátua de Joana d’Arc e entendemos que este museu é no mesmo complexo do Louvre e Jardin de Tuileries (de costas para o Louvre ele fica no prédio da parte frontal direita).
Joana d'Arc
Pagamos a entrada que custa 9 euros, deixamos nossos casacos e começamos a visitação. Existem ali muitas jóias expostas (que depois nos certificamos que foi a melhor coisa que vimos) e segundo o mapa dado na entrada haveriam dois locais, no primeiro e segundo andar destinado somente para moda e tecidos. Andamos, andamos e andamos. Vimos objetos de decoração, nos perdemos em uma entrada que nos levou à biblioteca (inclusive vale comentar que para quem estuda Moda ou Design, uma visita nesta biblioteca deve valer muito à pena) e voltamos pelo mesmo caminho porque não havia outra saída desta grande sala de estudos e depósito desta bela e vasta coleção de livros e chegamos a uma sala onde conseguimos visualizar poucos casacos. Todos de pele. Um de pele de urso-polar, outro de pele de leopardo e outro de pele de gorila! Ficamos impressionados e a Fer comentou do impacto que a Chanel causou quando no início do século XX começou a mudar o conceito na moda. A prática de se utilizar peles de animais na moda é cada vez mais condenada e entendida não só como antiecológica mas como grotesca ainda é admirada e utilizada por muita gente e espero, sinceramente, que isso venha a acabar antes que acabem os animais selvagens com os quais se fazem estas roupas.

“Eu acredito que, no ocidente, bem poucos realmente compreendem a importância da natureza em nossa vida, ainda que se fale sempre mais de ecologia. Mas o que se faz na prática?
Quando se fala de defesa do meio ambiente, nós nos referimos a muitas coisas. Mas, em último caso, a decisão deve vir do coração: penso que a resposta seja aquela de ter respeito pelo mundo.” (Dalai Lama - extraído do livro Everest, Diário de uma vitória de Waldemar Niclevicz).

Depois de tanto procurar encontramos uma funcionária do museu e perguntamos sobre a parte de moda e tecidos e ela nos disse que não mais estava em exposição. Pelo que entendi, somente à partir de 25 de novembro estará novamente. A Fer ficou visivelmente decepcionada e decidimos ir embora, rumo ao segundo objetivo do dia, a Body Shop da Rue Rivoli.
Ao sairmos do museu decidimos tomar um café no Starbucks pra esquentar e seguir nossa caminhada. Entramos em várias lojas no caminho e não via a hora de chegarmos na Body Shop…
Em frente à Body Shop da Rue Rivoli existe uma estação de metrô chamada ‘Hôtel de Ville’ e dali, via linha 1, fomos até a estação Argentine para deixar umas sacolinhas no hotel antes de irmos para o objetivo final do dia: subir na Torre Eiffel e almoçar no restaurante que lá existe.
A Fer me esperou na estação e rapidamente fui até o hotel deixar as coisas e voltei e dali rumo à estação Charles de Gaulle Etoile e conectando para a linha 6 até a estação Bir-Hakeim. Decidimos ao invés de sairmos nessa estação e andar pela rua até a Torre Eiffel, irmos pelo subterrâneo até a estação Champs de Mars Tour Eiffel para conhecermos e sairmos mais próximo da torre.
Ao chegarmos na torre aquela multidão aguardava na fila e vi duas patrulhas de soldados do exército francês e alguns integrantes da polícia francesa por ali. Logo vimos que a fila para subir na torre não andava e vimos que as subidas à torre estavam temporariamente suspensas devido ao grande número de pessoas que estavam lá em cima. Fomos até o guichê onde se fazem as reservas para o restaurante e a moça nos disse que se quiséssemos até poderíamos almoçar no restaurante, mas que ela achava que antes das 6:30 da tarde não conseguiríamos subir e essa era a hora que encerravam as reservas do almoço e então iniciariam as reservas da janta. Nesse momento os relógios marcavam 4 da tarde!
Decidimos então comprar um cachorro quente e umas batatas fritas ali mesmo e comer embaixo da torre. Já que não daria pra subir o negócio seria improvisar.
Ainda, fomos até a beira do Sena para ver se andaríamos de Bateau Mouche mas não nos empolgamos de pagar os 13 euros por ticket.
O negócio seria retornar para a estação Bir-Hakein e irmos para a Charles de Gaulle Etoile e voltar pro hotel para descansar e foi aí que o segundo episódio inusitado do dia aconteceu.
Existem várias pessoas que ficam no pé da torre e em seus arredores vendendo chaveiros e réplicas da Torre Eiffel com os produtos expostos sobre panos estendidos no chão. São todos oriundos das ex-colônias francesas na África (tunisianos, argelinos e outros). Quando estávamos em frente ao Centro de Cultura Japonesa, já bem perto da estação, um princípio de tumulto e dois desses caras, negros, juntaram as coisas do jeito que deu (inclusive um deles deixou cair todos os seus produtos durante a correria) e já vi dois caras dominando um outro negro e imobilizando ele contra o chão e um terceiro desses seguranças ou policiais disfarçados, não sei, juntando a coisarada que ele vendia. Passamos em meio ao restante das pessoas que ali transitavam e ao chegar na entrada da estação Bir-Hakeim, vi mais dois caras algemados, sentados no chão e de cabeças baixas e dois policiais à paisana segurando eles pelos braços e uma policial feminina, também à paisana com a mão dentro da blusa como quem segura uma arma.
Desembarcamos na estação Charles de Gaule Etoile e fomos até o McDonalds para tomar um café e a Fer um milk shake.
Então retornamos para o hotel dando voltas pelas ruas que contornam o Arco do Triunfo e mais tarde um pouco fui até o restaurante chinês em frente ao hotel e peguei um yakisoba com um franguinho para jantarmos.
Ainda não desistimos de subir na torre. Amanhã faremos nova tentativa.
Fer na beira do Rio Sena

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Paris - dia 23

Ao acordar nesta segunda reparei que é a última semana destas férias. Desde 2005 que eu não tirava 30 dias corridos de folga. Neste ano, foram 20 dias das férias de 2009 e mais 7 dias de direito do Prêmio DNA Danone. Mas entrar na última semana de férias não é motivo para ficar triste, desanimar ou querer atropelar tudo porque está chegando a hora de voltar ao trabalho.
Ao acordarmos e ao abrirmos a cortina o azul do céu de outono em Paris deixava entender que o dia seria daqueles para ficar na história desta viagem. Croissants no café da manhã e saímos para o nosso destino do dia, o Museu do Louvre.
Saímos do Fertel Etoile da Rue das Acacias e seguimos pela Avenue de la Grande Armée e em seguida Champs-Élysées. Caminhando na manha, curtindo o início do movimento que não para nesta cidade. Depois de irmos em uma agência do correio francês ainda demos uma passada na Sephora. É muito difícil conseguir escolher um perfume em uma loja de perfumes! Vários cheiros se misturam e não consigo saber qual tem o cheiro de quê. Saí de mãos vazias sem conseguir escolher nada apesar de já ter algo em mente. Ainda vou experimentar mais umas duas ou três vezes antes de tomar a decisão de qual perfume irei comprar.
Ao sair da Sephora a primeira coisa é respirar fundo para conseguir respirar um pouco de ar puro, mas aqui, da mesma forma que em São Petersburgo, Moscou, Istambul e Cairo é tanta gente fumando nas ruas que cada respirada é uma tragada! Ao menos aqui em Paris não se fuma dentro dos estabelecimentos. Na Rússia ainda se fuma dentro de restaurantes apesar de alguns terem espaços de não fumantes e no Cairo até dentro de elevadores e inclusive os taxistas dentro de seus táxis com passageiros. Me preocupa o que farei no Brasil para não perder esse costume. Acho que uma das primeiras coisas que farei após passar a alfândega em Guarulhos será comprar uma carteira de Minister e acender um cigarro! Brincadeira minha galera!
Seguimos nossa caminhada e chegamos no Jardin de Tuileries e em seguida estávamos na praça bem em frente ao Louvre onde fica a pirâmide de vidro que também é a principal entrada do museu.
Ali haviam umas 1.500 pessoas na fila de entrada. Chegamos às 11:40hs e quando era 12:05hs estávamos passando a revista no detector de metais e raio-X. Durante o tempo em que ficamos na fila havia logo atrás de nós uma família francesa, mãe, pai e dois filhos, um menino de uns 10 anos e uma menina talvez um ou dois anos mais velha. Ficaram de galinhagem o tempo todo. O pai brincando de lutinha com a filha e empurrando o filho e as duas crianças se empurrando e eu já indignado com aquela falta de educação e sem o mínimo de noção de como se comportar em um lugar público. No momento que a fila se afunilou, uma das guardas do museu, chamou a atenção do pai e apesar de não falar francês eu percebi que era referente ao comportamento deles na fila. Pensei: ‘mija pau velho!’. Achei legal a atitude da guarda do museu, colocando ordem na bagunça, afinal de contas ali não é lugar pra ficar de galinhagem. Descemos a escada e então pudemos ver que existem ali dois ou três locais de venda de ingressos e quatro locais naquele estilo de compra ‘self-service’, onde obviamente a fila estava menor. Compramos ali mesmo. Cada ticket custa 9,5 euros.
Relax no Jardin de Tuileries
Deixamos os casacos no local apropriado e nos hidratamos com uma garrafa de água Evian (que aliás é a nossa água oficial aqui na França por três motivos: preço, saudabilidade e fabricante) e seguimos para iniciar nosso tour pelo Louvre ao meio dia e quinze minutos.
Pessoas das mais diferentes idades visitando o Louvre! Desde crianças de colo, em idade escolar, adolescentes, adultos e idosos. Quando descíamos a escada circular após o detector de metais iluminados pela luz natural que atravessa os vidros da pirâmide central  e principal entrada do museu passamos por uma senhora de uns 80 anos que descia a escada bem devagar. Ela se apoiava em uma bengala, usava óculos, cabelos bem branquinhos e uma pequena bolsa Burberry e estava sozinha! Apreciei a vontade dela de também ir ao museu e enfrentar aquele ‘bando de selvagens’, entre eles nós, que ali estávamos ávidos por vivenciar as paredes e salas do Museu do Louvre.
O Palácio do Louvre foi construído como uma fortaleza por Philippe-Auguste no século 13 e reconstruído no século 16. Em 1793 a Convenção Revolucionária o transformou em museu, o primeiro e mais famoso da nação. Vou tentar evitar comparações, mesmo que seja quase impossível, entre os museus que tivemos a oportunidade de visitar nesta longa viagem (Hermitage em São Petersburgo e Museu Egípcio e Imhotep no Cairo).
O Louvre é muito grande! Existem diversas exibições permanentes com uma quantidade incrível de obras. Pinturas, esculturas, jóias, móveis, artefatos, objetos de arte e decoração entre tantas outras coisas e como não deveria faltar, sarcófagos e mais sarcófagos!
A primeira coisa que fizemos foi ir no subsolo, chamado no Louvre de ‘Entresol’, onde já estávamos para ver as antiguidades romanas, etruscas e gregas. Estátuas de Apolo, Hércules, Júpiter e tantos mais. Neste andar, uma das esculturas de destaque é Santa Maria Madalena de G. Erhart.
Em seguida, fomos para o nível do solo, ‘Rez-deChaussée’. Ali, vimos a pedra onde está escrito o código de Hamurabi, primeiro código de leis escrito pelo homem e também a estátua de Ramsés II. Algumas esculturas de Michelangelo e entre elas a famosa ‘Captive’ e também outra que tem destaque, de A Canova batizada de Psyche e o Cupido. Muitas, mas muitas outras estátuas em mármore, bronze e madeira. E o ápice desta parte do museu que é a Vênus de Milo, a Afrodite. Nesta eu fiquei boquiaberto! Como é bonita esta escultura que deve datar de antes de Cristo.
Psyche and Cupid
Aphrodite (Venus de Milo)
Decidimos então almoçar em um café existente no primeiro andar do Louvre. Neste café é necessário ficar na fila e aguardar que um lugar seja desocupado para que as pessoas que ali estão esperando possam entrar. Tivemos uma sorte e sentamos em uma mesa com vista para a pirâmide do Louvre e as fontes que ficam ao seu redor. A Fer pediu um quiche Lorraine e eu um prato de queijos. Enquanto esperávamos nosso almoço, na mesa ao lado da nossa, que estava vaga, sentou-se a velinha que vimos descendo as escadas quando chegamos, se movendo lentamente, com sua bengala e cabelos brancos. Ela fez o pedido de sua refeição, deixou o óculos em cima da mesa e um casaquinho em cima da cadeira e com sua bengala e bolsa foi ao toilete. Nesse meio tempo, serviram na mesa dela um jarro de água e uma taça de vinho e uma salada Caesar. Quando ela voltou, concentrada para conseguir caminhar e fazer os movimentos necessários para sentar e então comer e beber seu vinho fiquei pensando que aquela mulher de idade, francesa, provavelmente passou pelas dificuldades de um acupação quando a ‘blietzkrieg’ nazista tomou Paris. Ainda passou pela minha cabeça que se não fosse pelos americanos, que desembarcaram na Normandia junto com seus aliados para libertar a França e a Europa e vencer as forças do eixo na WWII, hoje, ao invés de comermos croissants e baguetes em Paris estaríamos comendo salsichão e chucrute! De repente, reparei que velha senhora procurava sua bolsa e a Fer pegou a bolsa do chão e entregou pra ela que agradeceu com um ‘merci’ muito simpático e a tiazinha pegou uma pequena caixinha e tirou de dentro um comprimido para tomar. Com vinho deve ir muito bem…
No primeiro andar (1er étage) nosso objetivo principal era o mesmo de todas as pessoas que visitavam o Louvre hoje: Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Caminhamos bastante vendo ainda muita coisa bela. Os apartamentos de Napoleão III que são de um luxo incrível e me chamou atenção uma mesa de jantar onde contei 46 lugares! Existe ainda neste andar uma escultura em madeira com um destaque especial chamada ‘The Winged Victory of Samothrace’.
The Winged Victory of Samothrace
Quando chegamos em frente da sala 6 onde está exposta a Mona Lisa me impressionaram duas coisas: a quantidade de gente que ali estava amontoada para ver o quadro, tirando fotos com flash e desrespeitando as regras de conduta do museu e o tamanho do quadro. Eu tinha escutado falar que o quadro da Mona Lisa era minúsculo, que era difícil ver direito e coisa e tal. Não foi a mesma Mona Lisa que eu vi. O quadro tem um tamanho legal e muito semelhante a qualquer outro quadro antigo de retrato de pessoas que eu já tenha visto. Como me revoltei com as pessoas que usavam flash tanto ali como em outras partes do museu me recusei a tentar uma foto (sem flash) desta obra e seguimos nossa visita que ainda percorreu várias salas do primeiro andar do Louvre.
Mona Lisa ao fundo e a multidão para vê-la
Agora era hora de subir ao terceiro andar para ver as outras pinturas ali existentes. Caminhamos muito, fomos e voltamos, passamos mais de uma vez pelo mesmo lugar e não encontrávamos a escada ou o acesso para o segundo andar e foi então que decidimos pedir informação para as auxiliares que ali trabalham e o nosso problema foi resolvido.
Painéis da Mesopotâmia
Entrada de castelos da antiga Mesopotâmia
O trono do 'home'
No segundo andar vimos as três telas de maior destaque: The Lacemaker de J. Vermeer, Gabriélle d’Estrées and Her Sister e ainda The Card-Sharper de G. de La Tour e várias pinturas de tantos outros artistas famosos.
Saímos do Louvre às 5 da tarde satisfeitos com a enxurrada de arte e informação que ali tivemos e seguimos caminhando pelo Jardin de Tuileries em direção ao Arco do Triunfo e paramos em um dos cafés deste parque/jardim para comermos um crepe.
Na saída, em frente à pirâmide que é a entrada do Louvre

Crepe no Jardin de Tuileries
Ainda, na volta para nosso hotel curtimos mais um pouco a Champs-Élisées e passamos no mercado onde compramos Actimel, Actívia, água e uma garrafa de Leffe, cerveja belga.
No quarto do hotel, coloquei a cerveja na sacada do quarto e ali deixei enquanto íamos na Torre Eiffel para jantar. Pegamos o metrô na estação Charles de Gaulle Etoile, linha 6 e desembarcamos na estação Bir-Hakeim. Caminhamos até a Torre e fomos para a fila tentar uma vaga no restaurante mas tivemos a notícia que devemos reservar com antecedência e infelizmente não conseguimos vaga para jantar ali. Pegamos o cartão com o número para tentar uma reserva em um desses dias que aqui ainda estaremos. Fiquei meio de cara porque hoje o céu estava magnífico e a lua cheia brilha.
Voltamos em direção a estação que desembarcamos e paramos em um restaurante para jantar. O garçom, um camarada com menos de um metro de cinquenta e cinco de altura, arrogante como só um francês sabe ser, nos deixou esperando e não nos atendia e chegavam outras pessoas e ele as atendia e então nos revoltamos e abrimos os dedos dali! Fomos para o restaurante ao lado e comemos um gostoso macarrão.
Retornamos de metrô fazendo o caminho contrário ao que fomos e ao chegar no quarto do hotel, abri a janela da sacada, peguei minha Leffe que estava no ponto pra ser consumida e foi isso que fiz enquanto assistíamos um filme na televisão (em francês).
Torre eiffel à noite

domingo, 24 de outubro de 2010

Paris - dia 22

Hoje o dia amanheceu bem aberto, com um belo e azul céu cobrindo a capital da França. Pegamos o metrô na estação Argentine, fizemos uma conexão da linha 1 para a linha 12 na estação Concorde e seguimos até a estação Abbesses. Descemos ali, no intuito de irmos na Sacre Coeur. Olhei o mapa e convenci a Fer a irmos por um certo caminho. Lá pelas tantas, estávamos na Boulevard de Clichy que é uma avenida que tem muitos sex shops, bares e casas frequentadas por maiores de idade.
Após várias visitas no mapa começamos a subir ladeiras. Subimos, subimos e então chegamos em umas ruazinhas com várias lojinhas de souvenirs e quadrinhos. Bares e pequenos e aconchegantes restaurantes e centenas de turistas! Nas estreitas ruas era até difícil de conseguir se movimentar e também de conseguir uma boa foto sem nenhum ‘papagaio de pirata’ aparecendo. Mas ainda assim, me senti na Paris dos anos 30. A arquitetura das casas e as ruelas são muito bacanas. Nesse bairro, vários artistas viveram e tiveram seus estúdios. Entre eles Picasso, Monet, Salvador Dalí e Vincent van Gogh. Ali naquelas redondezas também ficavam os cabarés Moulin Rouge e Chat Noir.
Dá vontade de nem querer sair dali e ficar por mais horas e horas. Muitos desenhistas oferecendo-se para desenhar a caricatura dos turistas que ali passeiam. Dezenas de quadros ali são vendidos e não seria exagero dizer que um mais bonito que o outro.
Como já havia visto tanto na Torre Eiffel quanto em Notre Dame, e acho que deve ser operação padrão em lugares com muitos turistas, soldados do exército francês fazendo patrulhamento em meio aos turistas. Sempre andam em três homens. Dois seguem à frente, um de cada lado da rua ou no caso de praças e caminhos mais abertos afastados cerca de 7 à 10 metros, ambos com fuzis de fabricação francesa (FAMAS) e um terceiro vem na retaguarda destes primeiros, afastado cerca de 10 metros, armado com uma pistola e um rádio de comunicação em uma das mãos.
Caminhamos bastante por ali, entra numa rua, cruza pra outra e saímos no lado de uma igreja pequena e de muito bela construção. Seu interior, bem alto e com belos vitrais que fez lembrar Notre Dame, mas em dimensões bem menores. Saímos desta pequena igreja e seguimos nossa caminhada rodeando a construção e quando vimos estávamos em nosso destino programado: Sacre Coeur!
A Basílica de Sacre Couer (Sagrado Coração) foi inaugurada em 1875 e completada em 1914. Com arquitetura baseada nos estilos romano-bizantino possui 83 metros de altura máxima, mas acredito que por causa do seu design ela aparenta ser mais alta. O ponto onde esta igreja está construída é também o ponto mais alto da Cidade Luz.
Essa é gigante! E também haviam ali centenas de turistas de todos os cantos do mundo! É de impressionar a quantidade de gente que visita a Cidade Luz. Brasileiros, americanos, italianos, ingleses, japoneses, indianos, russos, argentinos e tantos mais. Pegamos uma pequena fila para visitar o interior da Sacre Coeur, onde não é permitido filmar ou tirar fotos e para nossa grata surpresa estava acontecendo uma missa e um homem de origem indiana, parado na entrada por onde os turistas entravam neste espaço sagrado, direcionava os turistas para circularem o interior da igreja por trás do altar e saírem do outro lado para que não fosse atrapalhado o curso da missa. Nós decidimos acompanhar uma parte da missa, bem no momento em que freiras ali cantavam. Após realizarmos nossas orações, saímos da igreja e continuamos apreciando a bela vista que é proporcionada de cima desta colina onde ela está construída.
Sempre, perto de locais turísticos vejo artistas exercendo sua arte para ganhar o seu sustento. Ali hoje haviam músicos tocando violino e harpa. Como é bonito o som da harpa. Impressiona a habilidade de quem domina este instrumento.
Depois de algumas fotos e mais um rolezinho por Montmartre decidimos ir para a Place d’Italie. Para descer a colina funciona um tipo de elevador, tem também um ‘petit train’ e a escadaria em frente à basílica.
Sacre Coeur ao fundo
Descemos a escadaria em frente a Sacre Coeur, que deve ter mais de 200 degraus e fomos para a estação Anvers. Pegamos a linha 2 e na estação La Chapele fizemos a conexão para a linha 5 e fomos até a estação final que tem o nome de Place d’Italie.
Neste local, a Place d’Italie, funciona um grande centro comercial e ali esperávamos encontrar algumas coisas de nosso interesse, mas como somos ‘tri-espertos’ não nos tocamos que hoje era domingo! Tudo fechado. Neste grande centro, que possibilitava a entrada de pessoas apesar de ter todas as suas lojas fechadas procuramos um banheiro e ao encontrarmos, fechado também!. Resolução: irmos pra a Champs-Elysees para comermos e acharmos um banheiro e em último caso, estaríamos bem próximos ao nosso hotel e as coisas então seriam mais fáceis.
Da estação Place d’Italie tomamos a linha 6 do metrô descendo na estação final que é a Charles de Gaulle Etoile.
Andamos um pouco na Champs-Elysees e após irmos no MacDonalds para usarmos o WC fomos procurar um restaurante para nosso almoço. Os preços ali praticados não são muito convidativos e então comemos em uma rede de fast food que chama ‘Quick’.
Dali, fomos na Sephora dar uma olhada e inebriarmos com o cheiro dos perfumes e então para o Museu da Moda.
No caminho para o Museu da Moda, passamos por vários carros estacionados na Avenue George V. Ferraris, Maseratis, Mercedes, Porshes e outros. Ao dobrarmos na Avenue Pierre 1er de Serbie, mesma rua do Museu da Moda (10, Av Pierre 1er de Serbie) passamos em frente a uma loja ‘Mini’. Que maravilha é esse carro e a quantidade de Mini Coopers que se encontra nas ruas em Paris. Nesta loja, havia um demonstrativo de consumo do carro, que segundo a propaganda emite 125 g de CO2 por km rodado e faz 100 km com 6 litros de combustível.
Chegamos no Museu da Moda e havia um aviso que ele estava fechado! A Fer ficou desacorsoada (desacorsoada é com s ou ç?). Então decidimos dar mais uma caminhada e voltar para o hotel.
Quando eram umas 7 horas fomos jantar e procuramos um restaurante aqui nas redondezas e pudemos comer por um preço justo e razoavelmente acessível.
Amanhã, pretendemos ir ao Museu do Louvre. Acho que se não o mais, um dos maiores e mais famosos do mundo.
Fer na Champs-Elysees com Arco do Triunfo ao fundo
Passeando em Paris

sábado, 23 de outubro de 2010

Paris - dia 21

Decidimos mesmo ir procurar o Mercado das Pulgas de Paris, aqui chamado de Marche des Puces. Depois do café demos uma pequena caminhada até a estação Charles de Gaulle Etoile e tomamos a linha 2 do metrô até a Barbès Rochechouart e então conectamos para a linha 4 e seguimos até a última estação desta linha que é a Porte de Clignancourt.
Nesse segundo dia utilizando o transporte subterrâneo de Paris, que abrange todos os pontos da Cidade Luz, já começamos a entender um pouco melhor após planejarmos o local que queremos ir e conferir pelo mapa deste sistema de transporte o melhor traçado e melhores conexões a serem feitas. O caminho entre as estações, possui a cada 30 metros aproximadamente, uma lâmpada fluorescente (daquelas compridas), iluminando os túneis. Ainda, na parte interna dos túneis, diversos grafites e pichações diferem o interior dos túneis dos outros sistemas que já conheci e utilizei (em todas as outras cidades que utilizei metrô, não lembro de nenhuma que tivesse os túneis com iluminação ou que fossem estilizadas com pichações e grafitagens).
Quando desembarcamos em Porte de Clignancourt, que é a divisa de Paris com (o acredito que subúrbio de) Saint Ouen, pudemos sentir uma arquitetura e atmosfera diferente destas características aqui das redondezas da Champs-Elysees. Saímos então à procura do Marche des Puce e a Fer aproveitou para exercitar seu francês pedindo informações para um homem que assistia uma mulher manobrar um carro estacionado. Descobrimos então que íamos na direção errada e voltamos os 50 metros que havíamos nos desviado da rota correta.
Na Rue Beliard pudemos começar a notar as placas que indicavam o que estávamos procurando e avistamos um pequena praça, lotada de barraquinhas que de vendiam produtos africanos (roupas e artesanatos basicamente), jamaicanos (roupas do Bob, toucas, incensos) e roupas e tênis provavelmente de origem chinesa. Demos uma caminhada ali, pensando que somente aquilo ali seria o mercado das pulgas. Então, ouvimos uns brasileiros conversando e a matriarca daquela família disse para os seus que teriam que passar o viaduto que ali estavam os grandes mercados. Fomos seguindo eles e aí então encontramos o Mercado das Pulgas de Paris.
Marche des Puces - St Ouen, Paris
Marche des Puces - St Ouen, Paris
São lojas de casacos e roupas, sapatos, artesanatos oriundos das colônias e ex-colônias francesas, restaurantes e lancherias e umas vilinhas e galerias de lojas de antiguidades. Nessas últimas, muita coisa legal e muita coisa macabra. Me chamou atenção algumas peças de marfim que ali existiam. Móveis antigos, estatuetas, peças decorativas, escadas circulares de madeira (muito legais) e outras quinquilharias. Algumas lojas de roupas antigas, mas bem mais estilosas que simples brechós e em uma delas, os vendedores estavam vestidos com roupas de época, parecia até um cenário. Algumas destas lojas vendiam roupas de crianças, mas isso achei meio estranho, pois tinham um design bem antigo que remetia um pouco a filmes de terror. Lojas de revistas e livros e várias fotografias e cartazes. Muitas fotos de nús artísticos.
Decidimos tomar um café para aquecer o peito devido ao frio que estava fazendo durante a manhã. Enquanto tomávamos nosso café e chá, começou a cair uma fina chuva, mas sabíamos que não era ela que atrapalharia nosso passeio neste sábado em Paris.

Mais especificamente, estávamos tentando localizar uma ‘Army Surplus’, que é o tipo de loja que vende artigos militares usados ou novos, para eu tentar encontrar uma calça camuflada do Exército Francês. Quando já estávamos quase desistindo, vi de longe um manequim com um daqueles uniformes de atirador de elite, que mais parece um monte de palha e que este tipo de atividade exige para que não seja identificado durante a missão. Fomos até lá, mas o dono disse que não tinha nada do exército francês e que dificilmente acharíamos e seguimos nosso caminho.
Já voltávamos rumo ao caminho da estação de metrô quando decidimos dar mais uma olhada em uma das várias galerias de roupas que ali existem, todas com dezenas de pequenas lojinhas, quando vimos uma com algumas roupas verdes. Perguntei para o atendente se eles teriam a calça que procurava e então passei pelo meio de muitas roupas (calças e jaquetas) ali penduradas e vi que nesta loja existia um grande acervo de roupas militares do mundo todo. Jaquetas, camisetas, calças, gandolas, botas e muito mais e com um preço decente e não exorbitante. Dica: para chegar nesta loja, sair da estação do metrô e seguir reto pela mesma avenida e ao passar por baixo do viaduto, dobra à esquerda e ao passar a primeira travessa (ruela) ficar de olho em uma galeria com diversas lojinhas de roupas diversas. Fica ali.
Na estação de metrô
Dali, fomos retornando ao metrô e do Porte de Clignancourt fomos até a estação Strasbourg St-Denis onde trocamos para a linha 8 e descemos então na estação Grands Boulevards. Estávamos em Montmartre. Movimentado e com bastante opções de restaurantes após darmos uma olhada em alguns cardápios em frente a eles, decidimos entrar em um chamado Pastapapá (15, bld de Montmartre) e cada um de nós pediu um prato de macarrão e tomamos uma taça de vinho. Quando a comida chegou vimos que somente um prato teria satisfeito nós dois! Foi uma grata surpresa comermos bem e uma grande quantidade de comida acompanhada de um bom vinho da casa. Agora satisfeitos e com o pandurro cheio, a disposição e ânimo para continuarmos explorando Paris era outra.
Caminhamos bastante por Montmartre. Pela rua com o mesmo nome chegamos até a Rue La Fayette e fomos em uma loja H&M que a Fer gosta bastante para checarmos as oportunidades. Saindo dali, atravessamos a rua e entramos na Galeries LaFayette. Entramos e saímos! O crowd era imenso e não estávamos no astral de ficar nos esbarrando com aquele bando de pessoas, não naquele momento. Decidimos então que vamos voltar lá outra hora, outro dia. Fomos procurar uma estação de metrô para retornamos para o hotel pois precisávamos lavar algumas roupas. Aliás, muitas roupas!
Fer em Montmartre
Da estação Havre-Caumartin (linha 9) fomos até a estação Franklin D. Roosevelt e pulamos para a linha 1 descendo na estação Argentine, que fica a menos de 20 metros de nosso hotel.
Pegamos as nossa roupas sujas e fomos procurar a lavanderia. O sistema da lavanderia é daqueles que se compra o sabão em uma máquina que entrega o produto já em tabletes e na mesma máquina seleciona-se qual das várias máquinas de lavar que será utilizada, através do número que está gravado em cada uma e aí é só aguardar o tempo de lavagem, retirar as roupas desta máquina e se quiser secar ali mesmo, repete a operação na máquina de secar. Ambas, de lavar e secar, de tambores com rotação horizontal.
Eu já havia usado este sistema de lavagem no início da década de 90 quando estudava no Colégio Militar em Porto Alegre. Aliás, essa lavanderia é outra coisa que me lembra Porto Alegre e me faz comparar Paris a esta capital brasileira do mais meridional estado do Brasil. Outro aspecto parecido é na Champs-Elysees. A quantidade de pessoas caminhando pelas calçadas me faz lembrar a Rua da Praia, famosa rua da capital gaúcha!
Roupas secas e lavadas, retornamos para o hotel e busquei uma comida em um restaurante chinês em frente ao hotel. Foi difícil porque a tia chinesa que atende não falava inglês e eu não falo francês. Pedi yakisoba, mas ela não sabia o que era, então foi na base de apontar e fazer mímicas!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Paris - Dia 20

O café da manhã no Fertel Etoile não é igual o do Sokos Helsinki ou do Safir Cairo, mas ganha dos de São Petersburgo, de Moscou e de Istambul em minha opinião. Não tem uma coisarada pra escolher. Simples, mas gostoso. Croissants, baguetes, três tipos de queijos, iogurte e purê de maçã, manteiga, dois ou três sucos, geléias de morango e pêssego, chás, café e leite. Mas o suficiente para saciar a fome resultante da noite de sono e preparar para o início da jornada diária pela ‘Cidade Luz’. Reparei que há vários brasileiros no mesmo hotel que nós, hoje no café da manhã.
Decidimos que a jornada de hoje seria o Museu do Exército (Musée de l’Armée) que fica no mesmo prédio que era o Hotel des Invalides e depois iríamos até a Catedral de Notre Dame.
Saímos do hotel para procurar uma lavanderia e depois de procurar aqui na redondeza, voltamos para o hotel para buscar um cachecol ou pashmina já que eu havia esquecido este importante acessório para o frio de 5 graus que fazia hoje de manhã, e a moça do hotel nos explicou onde há uma lavanderia, aqui, bem pertinho. Beleza! Mais uma oportunidade de andarmos com roupas limpas.
Subimos uma das ruas que dá no Arco do Triunfo (Av Carnot) e decidimos primeiro dar uma passada embaixo deste monumento. Existe uma passagem subterrânea com uma entrada na Avenue de la Grande Armée e com uma saída no Arco do Triunfo e a sua seqüência na Avenue des Champs Elysees. O Arco, visto de baixo, é bem grande. Tem inúmeros nomes gravados em suas paredes pelo lado de dentro, todos de batalhas vencidas pelos exércitos franceses. Mas muitos mesmo! Interessante que daquilo tudo, sobrou muito, mas muito pouco. Ali, também há a homenagem para o ‘Soldado Desconhecido’. Como o tempo estava um pouco nublado, decidimos não subir no Arco do Triunfo hoje.
Algumas das batalhas esculpidas no Arco do Triunfo
Uma das quatro esculturas do Arco do Triunfo
 Descemos caminhando então pela Avenue des Champs Elysees para nossa ida até o Hotel dos Inválidos/Museu d’Armée. Pegamos a Avenida Franklin Roosevelt e aqui nesta esquina vimos uma casa de leilões, de Maurice Dassault (acho que ele é ou era o dono da empresa de aviação francesa, fabricante dos aviões ‘Mirage’) e tinha um caça Mirage para leilão com o lance inicial em 35 mil euros. Para pessoas excêntricas e com grana seria um bom enfeite no jardim.
Mirage para leilão
Seguindo pela Avenida Roosevelt cruzamos o Rio Sena pela Ponte dos Inválidos e seguimos pela Boulevard de la Tour Maubourg até nosso primeiro destino do dia. Compramos nossos tickets de entrada para o Museu de l’Armée. O ticket custa 9 euros cada e se quiséssemos, estava acontecendo também uma exposição sobre os czares e suas história, mas se eu quiser ver a história dos czares e seus pertences, vejo em São Petersburgo e não em Paris! Aqui eu queria mesmo era ver as histórias da França.
Começamos pela parte das armas e uniformes da antiguidade. Eles possuem uma coleção inacreditável. São centenas de armaduras de homens, cavalos e até de crianças. Espadas, sabres, adagas, facas, arcos, balestras, escudos e toda a indumentária das épocas antigas. Artigos da Europa Central, Pérsia, Império Otomano e do Extremo Oriente. Peças do período Neolítico como machados de pedra e pontas de flechas e lanças de pedras e ossos. Peças da Idade do Bronze e tantas mais. Eles tem espadas vikings, katanas japonesas e armaduras de samurais.
O museu segue uma boa seqüência, muito bem organizado. Para dar um relax, depois desta primeira parte comemos um baguete cada um na lancheria do museu e fomos para a parte que mais me trazia curiosidade. A das I e II Guerras Mundias. Inicia-se a jornada pela parte da I Guerra que é muito bem contada. Existem espaços, com bancos onde ficam passando vídeos que contam os porquês do início da Guerra e também o porquê do envolvimento de cada país que nela entrou.
São dezenas de uniformes de diferentes países envolvidos assim como os armamentos a cada um relacionados. Em uma certa parte, existe uma maquete sobre uma das importantes batalhas e nessa maquete, que tem sobre ela um projetor centralizado e sob ela projeta as manobras estratégicas ao mesmo tempo que acontece uma narração do desenvolver desta importante batalha que auxiliou na decisão desta guerra.
Chegamos então na parte do museu que é dedicado a II Guerra Mundial. À exemplo da parte anterior, explica todo o desenrolar e porquês da WW II. Armas, uniformes, bandeiras, cartas, livros e tanto mais. Algumas coisas em especial me chamaram à atenção e entre elas as 1˚ e 2˚ edições do livro Mein Kampf, de Adolf Hitler, algumas bandeiras nazistas (que considero um troféu de combate), facas nazistas da Juventude Hitlerista, facas de combate da SS, metralhadoras MP40 alemãs, fuzis Mauser, uniformes das tropas nazistas, pistolas Luger, uniformes aliados e sua indumentária completa como por exemplo os dos paraquedistas e soldados que participaram da Operação Overlord realizada em 6 de junho de 1944, o ‘Dia D’. Facas do SAS (Special Air Service), o comando especial inglês. Me impressionou o exemplar do objeto que conheço por ‘ouriço’, que é uma estrutura de metal que era utilizada para bloquear o avanço de tropas e veículos e podemos lembrar desse objeto no filme Saving Private Ryan na cena do desembarque na praia. Para fechar a visita, quando descíamos as escadas nos deparamos com um exemplar de uma ‘Vergeltungswaffe’ ou V2, as famosas ‘Bombas Voadoras’(o primeiro projeto dessas bombas foi desenvolvido peloo pai da D. Lore, e este projeto também serviu para o desenvolvimento de foguetes que iriam mais tarde à lua). Um foguete de 14 metros e 3 toneladas e com 5.000 km de alcance.
Em frente ao Hotel des Invalides
Fivela de cinto
Nossos ingressos ainda davam direito a visitar a tumba de Napoleão I, as exposições de Louis XIV a Napoleão III e ao Museu de l’Ordre de la Libération, mas já estava mais que bom e estávamos cansados e decidimos então ir para Notre Dame.
Apesar de ali não ser muito longe de Notre Dame, decidimos ir de metrô e experimentar o famoso sistema parisiense de trens subterrâneos.
Entramos em uma estação ao lado do Hotel dos Inválidos, chamada ‘la Tour Maubourg’ e vimos que não era tão simples assim a movimentação pelo metrô parisiense. Queríamos comprar um passe que dá direito a movimentação por vários dias e várias vezes em cada dia no sistema subterrâneo e de ônibus de Paris. São vários preços diferentes para cada tipo de passe que se quer adquirir e por zonas de movimentação. Só que não existe uma explicação de quais são e o que abrange cada uma das 6 zonas de Paris. Vimos o que daria direito a 5 dias pelas 6 zonas e o custo de cada passe seria de 48 euros. Não vamos usar tudo isso de metrôs e decidimos então comprar os passes individuais. Cada passe de metrô custa 1,7 euros e então compramos 10 passes que ao todo custaram 12 euros por causa do desconto especial, direto na máquina. Tentei perguntar para um funcionário que estava na cabine de venda de bilhetes as informações sobre as zonas de transporte e suas abrangências, mas o cidadão, é claro não falava inglês ou não estava a fim de falar e dar informações à turistas.
Ao passarmos a catraca e entrarmos na estação novo dilema. Difíceis informações e sinalização nesta estação. Precisávamos ir para a estação ‘Invalides’ para tomar a linha ‘C’ para então descermos na estacão ‘St-Michel Notre Dame’. Descemos então na ‘Invalides’ e nova falta de, e confusas informações sobre que caminho seguir para tomarmos o trem da linha ‘C’. Quando finalmente chegamos na plataforma, esperamos mais de 15 minutos até chegar o trem que nos levaria para a estação ‘Notre Dame’. O curioso é que os trens do metrô de Paris não abrem a porta automaticamente e é necessário, dependendo do tipo do trem, apertar um botão para abrir a porta do vagão ou baixar uma maçaneta, tanto externa quanto internamente para que a porta se abra e o passageiro possa descer ou subir do vagão.
Subimos a escada e estávamos em frente à Catedral de Notre Dame. Nós e mais uns 68.371 turistas, pelo que consegui contar. A construção é muito bonita e divinamente esculpida. Anjos, santos e gárgulas ornam a igreja por seu lado externo. A entrada na Catedral é gratuita e existe uma placa orientando sobre a proibição de usar flash em fotos no interior da igreja. Pensam que a turistada respeita? Parecia uma casa noturna em dia de festa ‘rave’ de tanta luz piscando, oriunda dos flashs das máquinas daquela multidão que lá estava. Umas hora, preferia até que fosse proibido fotografar no interior da igreja para que as pessoas começassem a ter respeito e cumprir as regras. Tiramos poucas fotos no interior, todas sem usar o flash.
Existem diversos vitrais na catedral, muito bonitos! A altura da nave é impressionante e sua arquitetura intriga e me pergunto como eles conseguiram firmar aquelas abóbadas no teto e fazer as curvas internas. A cruz atrás do altar principal não contém a imagem de Jesus que na verdade está nos braços da Virgem Maria, desfalecido, no pé desta cruz. Achei isso muito emocionante!
Cruz no altar principal de Notre Dame
Vitrais em Notre Dame
Em frente a Catedral de Notre Dame
Saímos da igreja e fomos descobrir como se faz para subir nas torres desta catedral. A fila dobrava a esquina e aí não nos empolgamos de esperar. Foi o mesmo caso do Empire State Building de New York. Decidimos então procurar um banheiro. Taí uma coisa em Paris que parece polícia. Quando não precisamos, avistamos a toda hora, mas na hora que precisa não tem nem pra remédio!
Voltamos caminhando pela beira do Sena até a Ponte Neuf e então conseguimos localizar um banheiro público na entrada de uma estação de metrô. Muito limpo e organizado.
Seguindo o caminho de volta, passamos por dentro do pátio do Museu do Louvre, Jardim des Tuileries, Place de la Concorde e paramos em um café no início da Champs Elysees para tomarmos um café.
Dali, seguimos pela Champs Elysees até o mercado Monoprix para comprarmos água e nossa janta e voltamos para o hotel.
O cansaço hoje foi bem grande devido ao tanto que caminhamos e também por todo o cansaço que vêm se acumulando desta longa jornada que estamos fazendo durante este mês de outubro.
Nosso plano de amanhã ainda não está definido, mas ao primeiro ver será o Museu da Moda e depois o Mercado das Pulgas.
Fer descansando na Ponte Neuf
Fer no Jardin des Tuileries com o Louvre ao fundo
Minotauro aqui nego trata na paulada!
Nós na Place de a Concorde